domingo, 14 de setembro de 2008

Alpendre

Uma frente fria para piorar as coisas.
Quando o alpendre não é generoso.
Gotas geladas junto ao vento frio pertubam aquele que só quer descanso.
Nenhum tostão no bolso e sem perspectivas.
Leão em dia de fracasso dorme com fome.

Alpendres que oferecem abrigo.
Pretensiosos artistas, andarilhos ignorantes e criaturas puramente fracassadas.
Distraindo as angustias.
Conversas e relatos.
Tragédias que viram comédias.
Gargalhadas para sossegá o diabo.

Lamacenta manhã.
Todos saem a caça.
Cardápios variados.
Café da manha, doses de qualquer coisa que tenha álcool, e alguns vícios mais.

Alpendres de passagem.
Alpendres temporários.
Alpendres experiência.
Vida...
...alpendres.

Senhorita desejo

Você sabe muito bem o que desejo
Você sabe o que espero dessa noite
Você sabe que eu vou até o fim
Então...dance pra mim!

Você sabe que vou beijar a noite
Você sabe que pode muito bem me explorar
Você sabe que temos todas as musicas
Então... por que não!?!

Se eles te prometem o futuro
Eu desejo o risco
Se eles tem tudo planejado
Eu celebro o final da tarde
Se eles tem o capital
Eu digo, dane-se!

Flauta mágica

Da flauta mágica de uma forte borboleta ouvi música.
o vento veio e percebi que vinha de cantos distantes para me tocar.
No mar enfrentei os meus medos e gostei de tê-los superados.
Reencontro a minha animalidade e sou coiote novamente.

Dancei uma dança primitiva que aprendi com os meus instintos.
Senti compaixão e passei a admirar o mito daquele que sentiu as dores de todos os homens do mundo.
Percebi a lua e ela veio ao meu encontro, eu sorri com isso.


Nos olhos de uma mulher redescobrir a ingenuidade e tenho esperanças.
Gaia terra que me encantou e me dou novas chances.

Tenho um novo totem para me inspirar.
E com alegria confirmo, nunca voltamos os mesmos.

domingo, 7 de setembro de 2008

medíocre

Um beijo ardente entre leprosos
Uma dança lasciva com os vermes
-Nem tudo é perfeito minha linda!- Com sarcasmo discursa o fracassado
Eis a caravana dos desafortunados!
Sem sucessos para contar, sem obras que valha a pena falar.

Enormes frustrações com o mundo.
Todas as lamentações possíveis.
Nesta terra também cabe mais que felicidade.
Permissões para o tédio

Eis a miséria que enlouquece!
A cacofonia do azar na pobreza do espírito.
Nas ações nada a se admirar.
No futuro nada a se esperar.

Eis a caravana da tristeza!
Alegorias do desprezo.
Um homem cheio de dó de si.
Uma imaginação débil rumo a má sorte.

Na rotina do medíocre o afeto do inferno.

cidade

Quatro subidas e descidas numa combinação matemática visionaria supersticiosa.
Uma promessa de fome se for necessário para instigar o espírito daquele que deseja e arranca coragem.
Eles brincam e se divertem com a imaginação de saques, jogos, loucuras. Orgias para a alma se confortar.
Quantos poemas de corso?

Desavisados das complexidades das coisas, sorriem com a libertação da simplicidade.
Alguns analgésicos elétricos sem intenções de burlar a dor.
Todas as intenções com o mundo. Encanto, desencanto, tudo por inteiro.
É certo que cada um tem seu passado.
Fecharam avenidas para protestar.
Conspiraram contra a ordem, e em festas impróprias montaram bandos, bandoleiros saqueadores de super mercados vinte e quatro horas.

Um urubu que sabe aproveitar o dia.
Conversas políticas acompanhadas com doses de álcool espirituoso numa passeata lésbica.
Um urubu vagabundo que sabe que não precisa bater muito as asas para voar.
Bicha que se encanta com os quadris amigos.
Uma prosa romântica qualquer.

Coiote com instinto busca perdidamente nos morros da cidade do aço um tiro de prazer.
Coiote entre estranhos numa garupa de moto, excitado com a aventura da noite da lua que chora.
Na manhã uma despedida do parceiro de crime.
Inesquecível jovem operário marginal sem nome.

Mantendo-se vivo na terra das infâncias felizes.
Esperando a chegada daqueles que vida é não ter medo de morrer.

Sobre vocês

Se me perguntarem para onde você foi.
Digo que é olho de dragão no rosto de leão sol.
Se me perguntarem suas falas.
Digo natureza inquieta que bota pra quebrar.
se me perguntarem o seu futuro.
Digo mendigo elegante que sabe como são as coisas.

Necessidades,realidades e algumas coisas que não se explicam.

Se me perguntarem quais seus segredos.
Digo três ladrões de poesias que querem suas vidas.
Se perguntarem suas justificativas.
Digo crimes santos de natureza desobediente.
Se me perguntarem sobre sua força.
Digo lembranças desconcertantes de pessoas distantes.

Brando recanto em dias de descanso. Sol forte para um hospício. Genebra no horizonte. Galos cantam. Uma montanha para ser tomada. Um desespero para ser acalmado.

Se me perguntarem sobre suas intenções.
Cartase de impressões com escândalos de ano novo.
Se me perguntarem quais suas conversas.
Digo convite para o vinho dos espíritos da raposa prateada.
Se me perguntarem de suas lembranças.
Digo nem todas as festas tiveram a sua presença.

atrai-me

Atrai-me uma vulgaridade romântica não tentada
Porque sou Urubu-Coiote do bando Urubu-cabeça-preta
E com a alquimia dos segredos transfiguro-me num anjo
Um anjo indolente. Endemonizado as vezes,mas um anjo

Que seja bem vinda a mim a talentosa delinquencia.
Que venha como prostituta! Que venha como selvagem místico!
Que venha como fugitivo divino! Que venha como um cara qualquer!

Atrai-me as cicatrizes que marcam o Espírito.
Porque quero as sensações trazidas pelo apocalipse.
E com a certeza de ter sido pego pela sedução do inferno.
Um adeus com um sorriso debochado ao tédio do paraíso.